Um momento de partilha de experiências reuniu a comunidade do CMEI Professora Carmen Fernandes Pedroza, com o tema “Cotidiano das Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA)". A atividade aconteceu na manhã de hoje e teve a participação da médica pediatra Devani Pires e da enfermeira Paula Brandão. As duas profissionais atuam na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).  A unidade de ensino atende 328 crianças, sendo 20 destas, com o diagnóstico para o TEA.

A diretora pedagógica em exercício, Maria Valéria Pareja Credídio Freire Alves destacou a importância do encontro e da troca de vivências. “Essa roda de conversa com as mães atípicas, foi pensada porque a gente tem um desafio em trabalhar com essas crianças que apresentam alguma necessidade educacional específica. A nossa preocupação é atender cada vez melhor essas crianças, assim como fazer o acolhimento das mães. Esse nosso encontro hoje é com as mães. Estamos contando com duas profissionais da saúde, e tentando nos apropriar desses conhecimentos”, pontuou.

“É muito emocionante ouvir as lutas que as mães têm travado diariamente. Nenhuma criança é igual a outra. Precisamos partir dessa compreensão. O que nós precisamos é considerar as necessidades de cada uma. Vamos ter crianças que terão necessidades a mais, precisam de terapias, precisam de ajuda. Uma das características do TEA, é justamente a introspecção, a falta de interação social. A criança não consegue olhar nos olhos, não consegue expressar alguns sentimentos, por isso a agitação, porque algo incomoda, mas a criança não sabe como lidar”, destacou a enfermeira Paula Brandão.

Depoimento

“Eu dizia que meu filho era da pandemia, passamos mais de um ano isolados, ele não socializou com a família, nem com ninguém. Ele não falava. Eu achava que era porque ele não tinha contato com as pessoas. A pandemia melhorou, fomos para o nosso primeiro carnaval em família, ele tinha um ano e oito meses. As minhas tias mais velhas, experientes, viram que ele não conseguia lidar com barulho, tumulto, horários diferentes para dormir, sem a rotina que ele tinha em casa. Ele deu muito trabalho durante esses três dias que passamos na casa de praia. Ele chorava, gritava, esperneava, se batia, não comia. Minhas tias me disseram que talvez ele tivesse o que o neto de uma delas teve. Para mim foi uma facada, briguei com todo mundo dizendo que meu filho não tinha aquilo. Mas fiquei inquieta, fui ao médico e ele logo diagnosticou. Pedi desculpas às minhas tias e hoje o meu filho está em tratamento para seguir evoluindo”. Esse foi o relato emocionado de Lucivânia Fernandes, mãe de William Fernandes Dantas, criança matriculada no Nível II do CMEI Professora Carmen Fernandes Pedroza, ao contar como descobriu o Transtorno do Espectro Autista (TEA) do filho de três anos.