Oitenta doses de vacina foram disponibilizadas para a população indígena não adeada da etnia Potiguara, que reside em Natal, com maior concentração na Zona Norte. Na manhã desta sexta-feira, cerca de 35 pessoas dessa comunidade receberam a primeira dose, seguindo a prioridade estabelecida para povos indígenas. O prefeito de Natal, Álvaro Dias, esteve presente e participou da imunização, vacinando algumas pessoas. 

A imunização foi realizada no bairro Jardim Progresso, no espaço Ilê Axé Ogum Xeroqué e priorizou inicialmente pessoas com mais de 75 anos, depois as acima de 60 anos e com comorbidades e depois pessoas que não estavam nesses primeiros grupos chegando até a idade mínima de 18 anos. A pessoa mais nova imunizada foi de 21 anos e a mais velha, de 82. 

“Estamos trazendo a vacina para proteger essa comunidade indígena que mora em Natal, dando a prioridade que eles precisam e devem ter do poder público”, afirmou o prefeito Álvaro Dias. Essas pessoas foram identificadas pela Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos, que, em parceria com a Semtas e a SMS, planejou a imunização dessas comunidades. “Fizemos um amplo projeto de imunização dessas pessoas mais frágeis e que precisam da atenção especial do poder público”, disse. 

O levantamento dessas comunidades não aldeadas foi realizado pela Secretaria de Assistência Social de Natal em apoio à Secretaria de Igualdade Racial e  Direitos Humanos e a Secretaria Municipal de Saúde. “A Semtas também está participando desse momento da vacinação dos indígenas, que se deu perante o Cadastro Único do nosso Município, no sentido de mapear toda essa população não aldeada que hoje reside em Natal, mas que tem ascendência indígena, e dessa forma possibilitar a vacinação de todos eles, nesse momento importante para toda a população”, afirmou o secretário de Assistência Social de Natal, Adjuto Dias. 

A secretária de Igualdade Racial e Direitos Humanos, Yara Costa, destacou a importância desse reconhecimento por parte da Prefeitura de Natal. “Historicamente, o povo indígena tem sido apagado das páginas da história do Brasil. Hoje, nós fazemos o reconhecimento do grupo Mendonça aqui em Natal, um grupo que veio da comunidade do Amarelão em João Câmara para cá. É importante esse reconhecimento, para que a gente mostre que a Prefeitura está em construção de uma gestão sustentável, humana e, principalmente, que respeita os povos originais”, disse a secretária de Igualdade Racial e Direitos Humanos. 

A pessoa mais velha a receber a vacina nesta sexta-feira na comunidade Mendonça, foi dona Damiana Barbosa do Nascimento, 82. Se preparou para receber a vacina, usando máscara e com cartão de vacina nas mãos. “Tô feliz! Graças a Deus! Que Deus abençoe todos pra serem vacinados”, disse. Edson do Nascimento, 33, e que trabalha fora da comunidade, foi vacinado e afirmou que esse é um momento de esperança para as pessoas. “A situação está complicada, então a gente toma a precaução o máximo que pode”, afirmou, referindo-se às medidas sanitárias obrigatórias que cada um deve tomar, como o uso de máscaras, distanciamento social e uso de álcool em gel. 

Apesar de considerar um bom número de pessoas vacinadas nesta manhã, Maria Soares de Melo, 62, liderança dos Potiguara em Natal, confessa sua preocupação. Ela teme a contaminação pelos mais jovens que trabalham fora das comunidades e que não querem ser vacinados. “Em uma casa em que o pai e a mãe recebem a vacina e os filhos não, tem o perigo”, avalia. “As pessoas têm que se vacinar”, continua, lembrando que, por fazerem parte de grupos prioritários, todos deveriam reconhecer a oportunidade de poderem ser imunizados. 

Maria Soares disse que continuará mobilizando a comunidade para que mais pessoas tomem a vacina. A coordenadora do Departamento de Atenção Básica da SMS, Alessandra Pierre, que coordenou o trabalho na comunidade Mendonça, afirmou que o protocolo foi seguido e que, caso haja nova mobilização, a Secretaria deverá voltar com as doses.