Já são mais de 7 mil estudantes e 900 professores e funcionários de 30 escolas atendidos com exames, cirurgias e orientações para problemas visuais, auditivos e vocais. A equipe da Caravana da Saúde Escolar prossegue com o seu trabalho de prevenção, diagnóstico e tratamento de problemas que podem influenciar no desenvolvimento intelectual e social de estudantes e rendimento profissional de servidores da rede municipal de ensino de Natal. E, nesta terça-feira (18), retorna ao bairro de Santos Reis.

O projeto chegou hoje (18) à escola municipal Santos Reis e fica até amanhã, para concluir sua primeira etapa de atendimentos na instituição. Depois, segue para a escola Bernardo do Nascimento, no Bairro de Felipe Camarão, para mais dois dias de atendimento nos consultórios móveis.

“A criança que não escuta bem, tem uma perda auditiva leve, mas trata logo, previne que a perda aumente e com certeza terá um melhor desempenho na escola e na vida social em geral. Perdas auditivas podem evoluir quanto ao grau e a criança vai escutar cada vez menos o que as pessoas falam. Uma das conseqüências do problema é, aos poucos, procurar se isolar. Pois, se ela não entende o que é dito, para quê vai estar com elas?”, alerta a fonoaudióloga Daniela Matias.

Segundo o oftalmologista do projeto Caravana da Saúde Escolar Izaac Mário de Araújo, a criança que não enxerga direito também pode ter prejuízos no aprendizado, pois além de não conseguir entender com clareza o que lê ou escreve,queixa-se freqüentemente de dores de cabeça, tonturas e irritação no olho, ficando mais inquieta e desestimulada com as atividades propostas em sala de aula.

A estudante Fernanda Karolaine Barbosa, de 9 anos, atendida durante a visita do projeto à escola municipal Maria Zeneide Higino de Mourana, conta que nunca havia ido ao ofaltomologista e que sente dificuldade para realizar os exercícios solicitadas na escola, por justamente não conseguir enxergar o que é escrito no quadro. “Quando estou copiando a lição, vejo como se as letras estivessem repetidas, e não consigo responder direito. Só quando aviso para a professora, e ela me coloca na frente, eu consigo enxergar melhor e terminar tudo”, diz.

Para o diagnóstico de perdas auditivas, os estudantes passam pelo exame de audiometria, em uma cabine audiológica montada no próprio espaço das escolas. No exame, verifica-se o limiar auditivo de cada paciente, a partir de estímulos sonoros em diferentes intensidades.

Outro procedimento realizado pelos especialistas do projeto, e essencial para a prevenção e diagnósticos de problemas que podem levar a perdas auditivas, é o exame de ostoscopia, que verifica além, a existência de inflamações como otites, a presença de corpos estranhos e má formações do canal auditivo. “Uma série de inflamações pode levar a uma perda das estruturas que compõem o ouvido e prejudicar a audição da criança”, explica o otorrinolaringologista Maximiano de Franca, sobre a importância do exame para a saúde auditiva dos alunos.

No caso da visão, os alunos passam pelo exame de auto-refração e acuidade visual, que permitem o diagnóstico de problemas como miopia; astigmatismo e hipermetropia. Na consulta, o médico também avalia a existência de doenças como catarata; glaucoma e infecções no olho da criança.

“O projeto é excelente, porque muitas crianças na escola onde leciono não tem acesso a esses exames especializados. Levando-os até as escolas, quem não tem problemas previne e quem tem é feito o diagnóstico e tratamento. O que auxilia muito o trabalho do professor, que não pode identificar a causa de muitas dificuldades no aprendizado sozinho, e já sabendo do problema, entenderá melhor as necessidades de cada aluno e desenvolverá um melhor trabalho em sala de aula” destaca a professora Rádma Bastos.

Quando diagnosticadas alterações na saúde visual ou auditiva das crianças atendidas, se necessário, os médicos prescrevem medicação para o tratamento do problema e/ou fazem o encaminhamento para cirurgias e exames complementares no Instituto Pedro Cavalcanti e para o recebimento de óculos e aparelhos auditivos sem custos, por meio de uma doação das Óticas Diniz e de convênio com o Ministério da Saúde.

Formada por uma equipe multidisciplinar composta por um oftalmologista; um otorrinolaringologista; duas fonoaudiólogas; uma assistente social; uma pedagoga; uma atendente e duas técnicas em enfermagem, a Caravana da Saúde Escolar é desenvolvida prefeitura de Natal, por meio da secretaria municipal de saúde, em parceria com o Instituto Pedro Cavalcanti. Trabalhando desde outubro de 2009, o projeto tem como objetivo auxiliar na diminuição dos índices de repetência e evasão escolar na rede municipal de ensino.