Mostrar aos “zeladores de Santos”, ou seja, Babalorixá (pai de santo) e Ialorixá (mãe de santo), quais são os seus direitos e deveres, bem como unir forças na luta contra a discriminação que ainda existe contra as culturas afro-brasileira e indígena, buscando assim o respeito que tanto se almeja. Esse é o principal objetivo do I Workshop promovido pela Federação de Umbanda e Candomblé do RN – FEUC/RN e pela Fundação Cultural Capitania das Artes - Funcarte, que tem como tema central “Religiosidade Afro-Brasileira na Atualidade”. O evento acontece nesta quinta-feira (08) às14hs com o workshop no pátio da Funcarte e sexta-feira (9) com uma audiência pública que será realizada às 9h na Funcarte e que terá a participação do IDEMA, IBAMA, Covisa, Ministério Público, Comando da Polícia Militar e Promotoria Pública.
Na oportunidade estarão presentes os representantes da Rede de Terreiro e Saúde Ya Lúcia de Oliveira, da Paraíba e José Marmo, do Rio de Janeiro e Humberto Adame - ouvidor da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial - Seppir.
Aqui em Natal existem mais de 500 barracões que cultuam o candomblé. Essa religiosidade que mistura cultura afro-brasileira e cultura indígena sofre com a intolerância e com a discriminação. A intenção da FEUC/RN é orientar os pai e mães de santo sobre a importância da legalizar as atividades de seus barracos junto aos órgãos competentes. A Federação, por exemplo, é responsável pelo fornecimento do alvará de funcionamento dos terreiros.
A Audiência Pública foi uma proposição da Vereadora Sargento Regina e vai debater os principais problemas que envolvem as atividades das religiões de origem afros e indígenas. Depois da Audiência Pública haverá uma solenidade que homenageará os mais antigos babalorixás e Ialorixás da cidade.
A Constituição Federal, no seu Artigo 5º, inciso VI, garante a liberdade religiosa a todo cidadão brasileiro. Inclui o direito de escolher a religião que deseja e o de expressar as tradições e ritos da crença escolhida. A diversidade religiosa é, sem dúvida, uma das mais marcantes características da humanidade.
No Brasil, a escravidão colocou em contato as religiões de diferentes povos africanos, que acabaram por assimilar e trocar entre si elementos semelhantes de suas culturas. Desse modo, se sobrepuseram e se fundiram divindades, ritos e cultos de origem distinta numa mistura comum surgindo assim as religiões afro-brasileiras. O candomblé de origem ioruba é uma das religiões afro-brasileiras mais difundidas em todo o país, tendo assimilado ao panteão de seus deuses – os orixás – divindades de várias outras culturas africanas. Seu culto é também conhecido como xangô ou tambor de mina no Nordeste, batuque no Sul ou macumba no Sudeste, distinguindo-se igualmente as diferentes “nações” de que se originam as formas de seus ritos, keto, gege, angola etc. Isto evidencia as transformações e as permanências africanas nas religiões afro-brasileiras.