Poesia e música marcam a abertura do II Encontro dos Escritores da Língua Portuguesa em Natal
O poema musicado tem um poder inigualável. A grandeza literário-musical da língua portuguesa deu o tom maior na abertura do II Encontro dos Escritores da Língua Portuguesa de Natal (EELP) hoje (23), na Academia Norte-rio-grandense de Letras (ANRL), para um público interessado em ouvir experiências e cantares dos participantes do painel. Com o tema “Poesia escrita para música”, o cantor e compositor carioca Gabriel o Pensador falou sobre o seu despertar na composição e, consequentemente, na música, contando um pouco da sua trajetória artística.

Em seguida à palestra do rapper, houve intervenções orais previamente agendadas na programação do II EELP dos escritores Abreu Paxe, Da poesia e da música em Angola: Imagens e Contextos (escritor angolano, Benguela); António Carlos Cortez, Poesia e Música: Quando a Palavra Brilha no Canto (escritor Português, Lisboa); Ilza Matias de Sousa, Sobre as Representações do Amor em Cazuza (escritora brasileira); Maria Emília Monteiro Porto, O Trovadorismo Português (escritora brasileira); Roberto Lima, Os Poetas do Romantismo Brasileiro e a Modinha (escritor brasileiro) e Tiago Torres da Silva, Canções Atlânticas - Escrever com Um Pé em Alfama e o Outro em Ipanema (escritor português).

A professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Ilza Matias de Sousa, por exemplo, discorreu sobre determinadas canções transgressoras do cantor e compositor carioca, Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza. Ela centrou sua fala nas letras das músicas “Desastre mental”, “Ideologia” e “Faz parte do meu show”, frisando que na obra de Cazuza há um combate de linguagens que traduzem a vida turbulenta do poeta nascido no seio da burguesia, mas que se opunha à sua condição social. Logo em seguida, a também professora da UFRN, Maria Emilia Monteiro Porto, atentou para a complexa relação entre poesia e música, ao citar o exemplo da música “Canteiros”, gravada pelo cantor cearense Raimundo Fagner, a partir de um poema de Cecília Meireles.

Já o compositor e dramaturgo português, Tiago Torres da Silva, falou da sua “escrita de canções”, ressaltando os diversos ritmos musicais que o influenciaram, e traçou um paralelo entre o fado português e a Música Popular Brasileira. Ele é parceiro de vários compositores brasileiros e teve canções gravadas por grandes estrelas da MPB, como Maria Betânia e Elba Ramalho.

Encerrando o primeiro dia de atividades do II EELP, o presidente da Fundação Cultural Capitania das Artes e mediador do tema em debate, Roberto Lima, explanou sobre a modinha potiguar e brasileira através do tempo, cantando e contando suas experiências musicais. Para ele, o primeiro dia do Encontro superou as expectativas com o alto nível dos debates. “Poesia e música são temas palpitantes. Foi um painel diferente. Amanhã (24) vamos repetir o sucesso”, apostou o presidente da Funcarte.
O tema em destaque desta quinta-feira (24) será “O Estado e a Evolução da Língua Portuguesa”, o qual abordará as diferentes perspectivas de utilização da língua no Mundo Lusófono, a partir do Acordo Ortográfico estabelecido pelos países que falam o português. A discussão será iniciada às 15 horas com uma reflexão sobre as estratégias de afirmação da nossa língua comum, como forma de valorização do patrimônio literário, cultural e da lusofonia. O conferencista será o professor catedrático Carlos Reis, diretor do Instituto de Língua e Literatura Portuguesas da Faculdade de Letras de Coimbra, com a palestra Para uma Política de Língua: Estratégias de Afirmação. A mediação ficará a cargo do jornalista e professor da Universidade Potiguar (UnP), Laurence Bittencourt Leite.

A iniciativa do II Encontro dos Escritores da Língua Portuguesa em Natal é da União das Cidades Capitais Luso-Afro (UCCLA), com o apoio da Prefeitura do Natal, por intermédio da Fundação Cultural Capitania das Artes. O Encontro será encerrado sexta-feira (25).