Os professores de Língua Portuguesa da Rede Municipal de Ensino participaram nesta terça-feira (10), no Centro Municipal de Referência em Educação Aluízio Alves (Cemure), da formação continuada da disciplina, que contou com palestra da educadora e ativista do movimento negro e indígena, Ana Paula Campos. O encontro teve como objetivo dialogar com os professores sobre a Lei 10.639 de 2003, que torna obrigatória a inclusão da história e cultura afro-brasileira na grade curricular do Ensino Fundamental e Médio.

A educadora comentou sobre o revisionismo histórico que ocorre nas mídias de entretenimento e literatura e como isso, na opinião da professora, contribui para o racismo estrutural. Ela observa a predominância do estudo de filósofos brancos nas salas de aula e menos frequente elaboração sobre teses de pensadores negros. “Muitas das obras conhecidas tem visões e opiniões racistas implementadas nas entrelinhas das narrativas”, destacou.

A assessora pedagógica do Departamento de Ensino Fundamental, Michele Paulista, ressaltou que é preciso refletir sobre a Lei 10.639 e seus 19 anos. “É a Lei que institui o ensino da literatura e da história afro-brasileira na história. Temos uma hegemonia da história contada do ponto de vista branca e ocidental. É importante discutir sobre essa Lei e colaborar para que ela chegue realmente à sala de aula. Trouxemos uma professora que também é da Rede para trazer essas contribuições e reflexões para os professores”, disse.

Quem também comentou sobre a experiência no encontro e as reflexões sobre esse debate foi a professora Andreia Sales de Freitas, da Escola Municipal Professor Amadeu Araújo. “São culturas que não são vivenciadas na sala de aula. Esse encontro está fazendo eu refletir não só minha prática docente, como a minha pessoa social e política. Precisamos tentar aproximar escritores negros e essas culturas em sala de aula”, contou a professora. Andreia de Freitas disse ainda que pretende introduzir e fazer com que seus alunos conheçam e reflitam sobre a própria identidade. “Como Ana Paula colocou, nossa história é quase sempre baseada nas discussões de autores brancos. Hoje em dia nesse mundo de pluralidade, precisamos mostrar que existem outras visões e assim atingir um desenvolvimento onde o aluno consiga ser crítico e conhecer suas raízes”, finalizou a professora.